quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Vencendo o medo da solidão

Vencendo o medo da solidão


Hoje eu li uma frase postada no facebook de uma amiga que dizia assim “Frio, chuva e solidão...tem combinação melhor para um domingo??” … O que aconteceu comigo naquele momento foi uma enorme empatia, de alguma forma eu também sentia aquele frio de um domingo como tantos outros na Europa… eu lembrei dos meus primeiros domingos há cerca de 10 anos atrás quando cheguei ao dito Velho Mundo.

A semana era marcada pelos afazeres… trabalho, casa, cuidar de mim, fazer contas, planejar… as vezes dar uma volta, tomar um café, ver os jardins… Lausanne é uma cidade encantadora… mas pulei a parte do Ticino, lá em Locarno, ali não só os domingos eram frios… aliás nunca senti tanto frio… um frio que não era na pele mas no coração um frio que fazia literalmente arrepiar a alma…Foram apenas duas semanas mas o suficiente para que os ventos que vinham dos Alpes preconizassem ao meu ouvido o que estaria por vir… seria algo a superar se eu quisesse mesmo estar ali para alcançar os meus objetivos.

Quase 15 dias depois eu já estava de partida, mas não de volta para o calor e o aconchego que o amor de quem te quer bem te dá, mas sim para uma outra região da Suíça… enfrentar o desconhecido e a solidão, até por imposição da língua falada que me era completamente desconhecida, que estes tempos me reservavam.

Em Lausanne foi um pouco diferente, a cidade era bem maior e “vivante”… lá encontrei amigos, diversão, dinheiro e várias outras situações para me iludir, sim iludir, porque apesar de sorrir em momentos durante a semana ou na noite de sábado quando encontrava amigos para dançar, conversar num momento mais relax, aos domingos eu sempre sentia aquele frio congelante que doia na alma… Eu estava sobre pressão de pagar uma dívida e obstinada a realizar os meus sonhos, se não fosse essa meta, eu não sei se teria suportado tantos domingos frios longe das minhas raízes, das minhas referências e dos meus amores.

Quando temos sorte depois dos nove meses dentro do ventre da mãe e sentido seu amor e sua presença, mal ao nascermos já estamos na companhia de tanta gente, pessoas dispostas a nos preparar pra vida, dos médicos à família… apesar de termos nascido em verdade sozinhos… claro, mesmo os gêmeos terão seu momento de solidão pois na morte cada um vai ao seu momento.

A solidão faz parte de vida desde sempre… e eu fico pensando “porque é tão difícil aceitarmos ficar sozinhos, em nossa própria companhia, sem que isso represente um momento de angústia?” … “porque muitas vezes com alguém do lado, ou cercada de gente eu me senti sozinha?” … “ e esse frio no coração que nem mesmo o homem que eu amava podia ajudar a aquecê-lo?” … a resposta veio como uma brisa serena e perfumada… é a sensação de estar só que nos faz sentir assim… o sentimento de solidão pode te acompanhar mesmo se estiver ao lado de todos… e com essa “brisa” veio a luz do sol … é preciso enfrentar a nossa própria solidão se quisermos de fato nos livrarmos dela.

Tantas pessoas devem se sentir perdidas diante desse sentimento… sem saber o que fazer com ele… nem como superá-lo.

Na vida sempre evitamos estar só, ter pessoas do nosso lado tira a atenção de nós mesmos, dos nossos medos, das nossas dores, das nossas frustrações, das nossas perdas e impossibilidades… e nos distrai de tudo que precisamos resolver para de fato nos sentirmos menos sós.

Vi tanta gente mal acompanhada no caminho, tanta gente estando por estar, tanta gente suportando deslealdade e traições em nome do amor... Que eu entendi que amar é sobretudo perceber que nunca estaremos sozinhos enquanto tivermos a si próprios como as nossas melhores companhias.... O sentimento de solidão e a carência também é capaz de nos afastar do amor a quem primeiro temos de ter, nós mesmos.




Encontrei muitas pessoas sofrendo por se sentirem largadas, abandonadas , seja no frio da Itália ou no calor do Rio… mas eu sempre desconfiava dessas angústias porque eu sabia que nenhuma situação, nem ninguém tem o poder marcar de solidão a alma de alguém, sem que antes esta pessoa já o tenha feito por abandono próprio infelizmente. A estes eu só receio que mesmo ao lado de todos e de quem ama, ainda se sentirão sozinhos, inseguros, escravos da ilusão de que não estamos sós quando na companhia das pessoas.

Eu enxergo a saudade de uma forma diferente do fato de se sentir só… porque eu tenho saudade e por vezes me pego a sentir-me só... mas me permito apenas ao sentimento de saudade… quando a começo a me sentir só eu olho bem pra dentro de mim e vejo toda a vida que aqui habita esperando a hora de acontecer independente de todos… já caminhei tanto sozinha… não, já caminhei tanto comigo... descobri tantas coisas interessantes e a melhor delas foi a minha companhia e como eu me sinto segura estando apenas comigo mesma.

Eu sei que por muitas vezes fui até egoísta… mas também sei que jamais foi a minha intenção, também não podemos saber de tudo ao mesmo tempo… tudo passa pelo caminho do erro, da dor até ser enfim descoberta…. Hoje penso, se tivesse feito algumas coisas diferentes talvez tivesse me sentindo mais realizada… paciência, por gostar de mim tenho de me dar o perdão…perdão por tudo que não soube como e quando fazer.

Não se enganem pensando que cheguei a esta conclusão apenas por observação do outro, na verdade senti na pele o que é solidão estando dormindo ao lado da pessoa que eu amava… e foi justamente enfrentando o medo de estar só que encontrei a serenidade para entender os dias de solidão… entender que a verdadeira solidão se dá quando eu me separo do amor por mim mesma, quando perco o sentimento de paz trazido pelo encontro com esse momento só, entre eu e eu mesma, quando olho para dentro de mim, ou quando simplesmente deixo o tempo passar enquanto me permito estar só tomando um chocolate quente vendo a Tv no frio…atualmente de Paris.

-Alessandra Mendonça-



Ninguém nasce mulher, torna-se mulher







Ninguém nasce mulher, torna-se mulher
- Simone de Beauvoir –

A frase acima da escritora, filósofa existencialista e feminista que se refere aos seres humanos nascidos com sexo feminino, trata da relação entre gênero e sexo biológico. A frase em questão abre espaço a reflexão na idéia de que somente depois do nascimento questões culturais como o aprendizado das posturas, gestos e expressões entram em jogo para definir o gênero mulher, tendo a biologia como fator determinante pra isso… sendo assim não se nasce mulher, aprende-se a ser.

Eu cá com meus botões fiquei pensando: com as transexuais acontece o mesmo, pesquisas já comprovaram diferenças biológicas importantes que determinam a transexualidade, características fisio/morfológicas decisivas para o desenvolvimento da sexualidade e da identidade de gênero das transexuais estão semelhantes as do sexo feminino.

Quando o fui convidada a escrever esta coluna eu já me senti fortemente inclinada em falar sobre essa grande viagem que fazemos entre a descoberta, revelação e a afirmação do que somos….Como se dá essa viagem que parece nunca ter fim foi o tema que me dispus a falar…a frase da autora veio a calhar porque reafirma as condições que relevam o nosso sexo real em discordância ao biológico.

Algo dentro de nós, desde sempre nos leva perceber o mundo sob uma ótica feminina, não por acaso, a nossa base fisiológica feminina, embora esteja invisível, existe…

A descoberta

Vivemos por toda a vida um dilema entre o coração e a razão… mas se pensarmos bem foi o coração quem sempre esteve lá, muito antes de sabermos o quê, como e porque…

Na fase da inocência é o coração que rege e agimos muito mais pelo instinto…Eu lembro que uma vez minha mãe me falou que foi chamada ao colégio a pedido de uma professora, ela queria falar-lhe sobre mim, e disse a minha mãe, que repetiu para mim as suas palavras “ ele não é como os outros meninos” … e eu ainda nem sabia o que era ser como os outros… Eu não quero generalizar, mas me parece que na grande maioria das vezes não somos nós que nos descobrimos, nós apenas reagimos ao que nos espera na vida em sociedade…rejeitando os modelos de comportamento, postura e expressão impostos… Naquela altura em que a professora chamou a minha mãe eu já começara a minha viagem, instintivamente… eu não havia nascido mas já estava a tornar-me “mulher” sem ao menos saber o que isso significava.

Quando realidades inesperadas se insurgem tudo pode acontecer… Eu tive a sorte de nascer de uma mulher de grande coração, minha mãe também era pedagoga, e essa primeira revelação social, para ela não foi uma surpresa, assim me falou ”eu já lhe conhecia desde que você estava aqui dentro, muito antes da sua mestra meu filho”…. Ahhh as mães… nossos primeiros amores, nosso primeiro modelo de mulher e em quem provavelmente vamos inicialmente nos espelhar… mas isso é tudo que ninguém espera de nós.

Nem sempre essa notícia é recebida com naturalidade, o mais comum mesmo é causar estranheza, medo e decepção…é aí que essa viagem passa a ser solitária e carregada de culpa.

O sonho de princesa deixa de ser legítimo para tornar-se poético…o sofrimento carregado dentro das malas e arrastadas com muito esforço e cansaço se faz então poesia… Ninguém mais nos ensina o que gostaríamos, ninguém nos deixa brincar como queremos, achamos feio e sem graça o que temos de vestir e nos identificam de uma forma que não conseguimos compreender…Somos praticamente obrigadas a virarmos pelo avesso…e uma sensação de desconforto aprisionamento começa a se instalar.

Não é fácil crescer pelo lado avesso quando ainda nem sabemos ao certo o que exatamente se passa conosco… a única pista que temos são as retaliações constantes a nossa postural natural, indicando que algo está errado… é como se tivéssemos que aprender a representar uma personagem para satisfazer a convenções…e viver uma mentira! …. Não ande assim….não sente assim… esse brinquedo não é pra você… é no Super-Homem que você deve se espelhar e não na Mulher Maravilha… Eu adorava a Mulher Maravilha, não perdia um capítulo do famoso seriado estrelado pela Lynda Carter, certa vez fiquei tão frustrada por ter recebido a fantasia do Robin em vez da indumentária da Mulher Maravilha que minha mãe, percebendo a minha decepção, construiu com papelões os braceletes e a coroa dessa heroína… Outra coisa chata era cortar o cabelo…eu não entendia porque não podia tê-los maiores, meu pai me levava a um barbeiro no centro da cidade que me fazia uma corte de militar, aquilo era um martírio pra mim… Em casa minha mãe tinha de esconder maquiagens e eu vivia calçando seus sapatos… tudo só me levava a ela, a minha mãe…era com ela que eu sentia uma enorme empatia… Na vida social estava sempre no grupo das meninas… era como se eu não soubesse ser um menino e sinceramente não tinha a menor pretensão de aprender!

Mas se eu que havia nascido numa família mais esclarecida, sofri com primos, tios, irmãos que não aceitavam bem o que se passava comigo…imagine quem nasce numa família mais fechada, dura e por vezes agressiva. Ter uma vida escolar marcada por episódios de discriminação e violência psicológica e ainda não ter amor dentro de casa é o motivo que muitas transexuais precisam para cortar relações com quem jamais deveria.

Ver primas e colegas tornando-se mulheres e você vendo seu corpo se masculinizar, com pelos, voz, é frustrante… a esta altura eu tinha até medo de me deixar ir pelo sonho de ser como as outras mulheres… na verdade também tive a minha fase de transfobia, quando as transexuais que eu via estavam semi-nuas a noite nas ruas… Seria esse o meu destino se me deixasse viver como toda as células do meu corpo e o meu coração assim desejava em segredo?

A transexualidade não é uma escolha mas está em suas mãos se aceitar e começar uma luta contra tudo e contra todos pela afirmação da sua real identidade ou levantar a bandeira da paz com a família e a sociedade as custas de seus anseios, sonhos e necessidades pessoais mais básicos….e sua maior angústia é saber que você só tem a chance de uma vida para tentar… Os gatos tem sete vidas…e aí você se pergunta…”você é um homem ou um rato?” Sim tem de ser muito homem para ter coragem de se encarar no espelho disposto a se ver revelar-se em quem vôce realmente é…porque é fundamental perceber que antes você ser, você já se sente como travesti ou transexual.

A transformação…Não, a readequação!!!

Silicone, hormônios, maquiagem, esmaltes para unhas, roupas… toda moda, ciência, arte e tecnologia ao nosso favor…começando pelo jeito mais óbvio, e também mais fácil…que é tentar dissimular aquilo que de masculino temos em nós… Eliminar os pelos do corpo, fazer as sobrancelhas, deixar unhas e cabelos crescerem…

Voltando a falar de forma pessoal, muito embora eu creia que aconteça com muitas, é aquele momento em que você se decide… “ chega de viver assim, agora é minha vez!” … Para que isso aconteça, uma série de fatores e situações matura até culminar nessa decisão… talvez a mais importante é o momento em que encontramos alguém que nos causa enorme empatia e inspiração…o primeiro encontro com outra travesti… não aqueles que te causaram transfobia e desencontro…estes não… mas o encontro que eu me refiro na verdade nos causa uma espécie de deslumbramento. Isso tem muito a ver com o modelo de mulher que admiramos…discretas, chiques, sexys, ousadas... ou mesmo vulgares. Da mesma forma que existem mulheres com diferentes posturas assim serão as futuras travestis e transexuais…cada uma no seu estilo, no seu temperamento.

A primeira fase é a da “montaria”… uma gíria que vem da idéia de construir, de montar…pelo uso do artifício...é a fase das roupas, acessórios, perucas, maquiagem… e somente depois numa necessidade maior de se ver mais mulher ao espelho porém sem a “montaria” é que começa uma fase mais invasiva dessa transmutação…Entram em cena dois personagens fundamentais capazes de operar verdadeiros milagres da morfologia: os hormônios e o silicone industrial… e com segundo deles entra também um terceiro personagem: a bombadeira; a artista de bioplastia clandestina… Bombadeira vem da idéia de inflar, de “bombar” , caberá à sua experiência e maestria a construção de formas físicas que só existem na imagem poética, no desejo abafado daquilo que a natureza não lhe deu.

Quanto mais jovem se decidir e encontrar com esses dois personagens, que serão três, melhores serão os resultados obtidos… os hormônios transformam de dentro pra fora, sem eles não há silicone, nem bombadeira que dê um bom jeito…o silicone vai onde os hormônios não chegam como um acabamento que abrilhanta mais ainda os seus efeitos…Após passar por estes dois processos certamente já será verdadeiramente travesti na pessoa física.

A afirmação dessa identidade


A antiga lagarta que irrompe o apertado casulo e sái borboleta mal espera pelo momento de voar.

Se por um lado foi difícil suportar pressões e preconceitos, quebrar barreiras, superar obstáculos para ir em busca de si mesma e finalmente enxergar as provas no espelho, por um outro mais dificuldades ainda estarão a espera no caminho da tentativa de afirmação dessa identidade forjada, porém absolutamente legítima.

O quando foi custoso para os homossexuais se inserirem como parte da sociedade compreendidos e respeitados e tendo os seus direitos resguardados, imaginem para aquele que transcende e comete “pecado” para com o seu próprio corpo.

Eu usei a palavra “pecado” porque muitas das barreiras criadas para a diversidade de gêneros sexuais na vida em sociedade são de cunho religioso... a Santa Igreja Católica é responsável pela mensagem absorvida maciçamente no seio da sociedade de que Deus criou o homem a sua imagem e semelhança…Criou o Adão, e da costela de Adão criou Eva, a muher…e tudo que fugir a esse conceito seria pecado.

Mas voltando para o vôo da borboleta… provar que sou quem eu sinto ser, não é tão simples quando parecia quando eu imaginava que depois da minha transformação eu pudesse talvez estar uma mulher fisicamente inquestionável… Ora, por mais naturais que os resultados desse processo tenham logrado bons resultados, o fato de não ter nascido dentro de uma fisiologia cem por cento feminina já muda tudo… A vida que eu tive antes, e quem eu fui obrigado ser fisicamente são elementos fundamentais que irão marcar essa sutil diferença.

Nesse vôo de liberdade haverão sempre momentos de tempestade e mau tempo…haverá sempre quem te reconheça pelo seu passado nos traços do teu corpo ou na sua atitude…é quando te denunciam pra você mesmo com um “ você não é mulher” ou um “ mas é um homem” que essa afirmação pode vir a se tornar um desejo mais forte ainda de auto-afirmação.

Agora é o momento da busca pela perfeição… na tentativa de melhorar o que ainda parece ser um traço do passado masculino, muitas embarcam numa viagem que por vezes ultrapassa as fronteiras do país… Técnicas mais aprimoradas e com o respaldo científico requerem um poder aquisitivo que aporte e possibilite a concretização desse sonho.

O mercado de trabalho que melhor remunera transexuais com ou sem preparo cultural é profissionalização dentro do universo das perversidades sexuais… A fantasia masculina pelo corpo da mulher perfeita com algo a mais, diga-se o sexo de homem, é o bilhete comprado para mais uma etapa dessa viagem.

“A produção pornô, ao abrir novas áreas de trabalho facilitando a “tolerância” para com elas através da beleza de sua aparência, também reforça o preconceito ao associá-las ao universo da representação obscena. Se o status de estrela pornô enfraquece a relação imaginária com a criminalidade de rua, reforça a estigmatização pelo viés da associação com a pornografia. Ao encarnarem para o imaginário social as estigmatizadas associações entre perversidade sexual, delinquência, espetacularização dos prazeres eróticos e pornografia num único corpo conscientemente forjado, esta “intolerável ambiguidade” paga o terrível preço de conviver com o fascínio carregado de ódio, a desqualificação de seus desejos e a inferiorização de seus gozos.”

- Jorge Leite Júnior- para PUC- SP-

Talvez esteja nas afirmações desse trecho da tese do formando Jorge Leite Júnior uma indicação clara de que, nesse caminho se por um lado somos as estrelas do espetáculo mas encarnando os papél de vilãs….em resposta a isso temos todo o desprezo social recebido ao fim, junto com o cachê.

Em suas buscas pessoais muitas surgiram pelo mundo mudando a história dos transgêneros dentro das sociedades por mais conservadoras que fossem. Nessa busca pela perfeição plástica muitas transexuais atingiram um alto nível da imitação e semelhança da representação física da beleza da mulher.

A exemplo da Roberta Close com a sua espantosa beleza inaudita pela primeira vez elevou a comunidade das transexuais ao “status de mulher”, acionou as mídias, derrubou paradigmas e preconceitos e mudou a história das transexuais brasileiras… Ela se tornou um fenômeno nacional e arremessou mentalidades para a reflexão, trouxe à luz do dia no seio da sociedade um tema, antes tão rejeitado, apenas por ser assombrosamente bela.

Essa busca pessoal leva muitas travestis para os países do continente europeu, o chamado Velho Mundo não só recebe como abre as portas para um mercado de trabalho generoso para os transgêneros de todo o mundo…França, Itália, Espanha, Suíça e outros países da Europa estão repletos de imigrantes travestis que vão em busca de melhores condições financeiras para concretizar seu maior objetivo, que é viver com a dignidade de finalmente ser reconhecida, aceita, respeitada…e amada como ELA.

- Alessandra Mendonça-

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Violência contra Gays e Travestis no Brasil



Violência contra Gays e Travestis no Brasil

Foi noticiado assim pelos jornais impressos e televisivos:

"Taxista pirata agride casal de homossexuais em aeroporto"



Algumas considerações minhas sobre o assunto:

O Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking de violência contra homossexuais se comparado a outros países no mundo...Alguns países de cultura social extremamete vincada em valores religiosos mal interpretados considera crime a relação homossexual. São países de terceiro mundo e de qualidade de vida muito inferior: Africa- Libéria Líbia, Malawi, Maurícias, Marrocos, Moçambique, Namíbia, Nigéria e oitros...Ásia- Emirados Árabes Unidos, Uzbequistão Kuwait, Líbano, Malásia, Maldivas, Omã Paquistão Qatar e outros...alguns com pena de morte.

Estes países de cultura debilitada e muito bitolada pela religião tb consideram a mulher inferior ao homem, são países que no geral tem um comportamento social mais unificado numa ideologia de cunho religioso... Já no Brasil a miscigenação que deu origem a diversidade de credos, ideologias, a uma música de grande expressividade, comportamentos diversos e consequentemente um política inclinada a promover a uma "liberdade" maior ao povo... pode se entender como absurdo comportamentos tão primitivos no ponto de vista da civilidade no que diz respeito a tolerância, a exemplo da violência contra gays, travestis em estatísticas tão alarmantes como constatados em nosso país... Comportamentos estes que nascem de uma má formação educacional, aliada a uma cultura do machismo e fermentados por uma postura social inspirada na religião católica mal compreendida. Infelizmente....

Vivo a 8 anos na Europa e a 7 em Portugal em todo este tempo apenas 2 casos de violencia que me lembre e mesmo assim foram tratados com o devido rigor da lei e fervorosa indignação social, tais casos tiveram expressividade a nível mundial apoiado pelos nos meios jornalísticos sendo tratados como "barbárie"...Carlos Castro e Geseberta (uma travesti brasileira). Aqui apesar de ser um país muito católico a educação é de primeiro mundo onde a civilidade e o respeito ao próximo são itens fundamentais a serem levados em consideração para toda a vida social, independente da sua crença, opão sexual e ideologia!

Alguns vídeos alarmantes que merecem reflexão!







E o pior é que isso se incorpora no dia a dia da vida dos brasileiros banalmente...

A violência no Brasil contra qualquer um, homem, mulher...seja negro, branco, gay, pobre ou rico, católico, evangélico....

"Grande pátria..Desimportante..Em nenhum instante..Eu vou te trair..Não, não vou te trair..." (Cazuza)

Techos de uma música que nessse momento vem a mente, não ao acaso...

"Não me convidaram.. Pra esta festa pobre.. Que os homens armaram.. Pra me convencer"

"Não me elegeram..Chefe de nada..O meu cartão de crédito... É uma navalha..."

"Brasil!..Qual é o teu negócio?..O nome do teu sócio?..Confia em mim..."

"Grande pátria.. Desimportante..Em nenhum instante..Eu vou te trair..Não, não vou te trair..."

(Cazuza)

Obrigada mais uma vez !

Bjão!

segunda-feira, 15 de março de 2010

A nossa "Doce Ilusão"...

A nossa "Doce Ilusão"...
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(Antes de começar a ler gostaria que primeiro pusessem esse vídeo pq a letra da música tem tudo a ver e seria digamos que o tema musical dessa leitura...deixem a música a rolar...e repitam-na se acabar antes de terminarem de ler...vamos brincar..)
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Genteee…qto tempo né… mas felizmente estou de volta, renovando tudo e fazendo o que jamais deveria ter deixado de fazer…ter deixado de lado a minha vida, a minha vida comigo mesma, a vida que é de fato só minha, onde ninguém está comigo, onde ninguém jamais estará…foi o caminho que mais me realizou e me frustou, foi o tudo e o nada… foi a certeza que nasceu a partir de tantas dúvidas … é bom saber que tenho um vida só minha, onde sou a única responsável… mas o que é que eu estou dizendo?... A vida a dois tb deveria ser solitária…e o meu erro foi pensar que não… tentei tornar parte de mim aquilo que jamais poderia ser, e ser parte de alguém que pouco me conhecia … Pra todos nós resta uma sensação de solidão…a sensação de que ser um só não basta… suportar a própria existência e dividir o peso da vida com um cúmplice e companheiro… Eu deixei de lado a minha realidade para viver as minhas ilusões…doces ilusões… hoje eu digo que são ilusões pq para vivê-las tive que por muitas vezes negar a realidade que se impunha bem na minha frente e no centro da vida…eu tb tive que doar ilusões para que as minhas fossem realizadas… e eu tive meus grandes momentos!



 Eu aprendi, como um índio que vive na selva, a saber de que plantas posso extrair o chá para as minhas doenças… eu sei aonde e com quem posso viver momentos soberbos…e ser QUEM eu acredito ser!

Felizmente a vida é feita de realidades e não de ilusões… e o grande desafio é tornar aquilo que é um sonho bom, uma ilusão desejada, a nossa realidade… Eu consegui!
Pra mim que desde pequena sempre tive tudo, uma boa educação, conforto, amor… não podia(nem posso) abrir mão disso por ter optado pelo inesperado… pelo menos admirável… O amor para mim está a frente e acima de tudo… logo depois vem a qualidade de vida.
Eu já ouvi muita gente dizer “não se pode ter tudo na vida” mas sempre suspeitei que quem dizia isso é pq tinha “quase tudo”…


As experiências mais importantes que eu tive foram as que conquistei, as que escolhi, pq justamente vivendo-as eu aprendi a observar e transformar o sofrer em SABER! Eu errei tanto...mais tantoo, e justamente o tanto quanto por fim aprendi.
Eu aprendi que nada é mais importante que os meus valores e os meus princípios, aprendi que ninguém tem o direito de me julgar se não puder me apoiar, aprendi que eu não posso amar alguém sem que antes eu ame a mim própria e a minha vida.



Não sei se vcs estão me entendendo... o que eu estou querendo dizer que deixei de escrever, de me dedicar tanto a conquista de bens materiais e de me projetar como de costume ao público e aqui blog, para viver a minha verdadeira história…que é justamente a minha grande DOCE ILUSÃO… aquela que tenho aqui dentro de mim, aquela pra qual eu penso que nasci que em conflito com a realidade da vida faz nascer essa Alessandra que aqui vos escreve… Alessandra angustiada, Alessandra magoada, Alessandra ansiosa…simplesmente Alessandra Mendonça… A Alessandra tal qual eu sempre tive medo de o ser!


Todos nós assumimos posturas e máscaras para vida, muitas vezes por obrigação, por imposição da vida, aprendemos a lidar com os fatos, a ter jogo de cintura para suportar as nossas frustações…mas eu me recuso a isso, vou viver como acredito até o fim, até que não haja mais nada, ninguém vai tirar de mim a minha dignidade porque não tem capacidade ou vontade de compreender-me.



Quem de nós já não viveu decepções com amigos, família, com o companheiro?... Na verdade percebi que o certo é que ninguém deve ter o poder de nos decepcionar e que qd nos decepcionamos é com nós mesmos com as limitações naturais da vida… ninguém pode nos realizar a não ser nós mesmos e é por isso que sempre suspeitei que um dia voltaria aqui para contar-lhes de como aprendi isso…

Depositei confiança demasiada em quem suspeitava, dividi meus sentimentos, minhas ansiedades…amei demasiado…dei a chave da minha casa... dividi meu espaço… deixei-me conhecer por demais…aconcheguei-me demais… Num relacionamento a dois tudo que não serve pra nada eclode, se revela… as fraquezas, os medos pessoais, as angústias, os ódios, as mágoas antigas… toda a sua história e toda a sua doença ficam ali expostas, mesmo que vc não queira a intimidade se incube de revelá-las… toda sinceriade será castigada… e de repente nos percebemos frágeis, angustiados, inseguros…e como somos inseguros!


Eu errei… usei minhas mágoas para magoar e usei a minha insegurança como fonte de inspriação para plantar a insegurança… fui cruel… desavisadamente cruel… eu não queria isso… e tudo que falares pode ser usado contra vc… E FOI… eu pensava que precisaria nivelar os níveis de medo… medo de estar sendo enganada…de estar sendo iludida em vão… e eu utilizei desse ardio…para um dia descobrir que não precisava disso….e... por aí vão tantos erros que cometemos em nome do medo e da mágoa!

Mas eu não vou cair no erro de me culpar, PQ ERRAR FAZ PARTE… E quem ama sempre será capaz de aturar.
Disso eu sei, pq EU ATUREI…
Também sei que as fases da vida tem sua vida útil dentro dela e por vezes não percebemos onde começou e se a fase chegou ou não ao fim...
O bom de tudo é que as fases da vida se vão e a vida se renova a cada dia te trazendo novos desafios, e novas fases… É importante valorisar cada momento pq eles sempre voltam…mas nunca com a mesma cara e vc os reconhece para justamente perceber o quanto vc mudou… e quem aprendeu, aprendeu… e quem viveu, viveu… quem não aproveitou não aproveita mais…
É sempre melhor que tudo acabe antes do fim!

O "Eu" do agora diferente de antes, dessa vez assim será… ANTES DO FIM…

Quero dedicar esse post a Ele, que me deu a oportunidade de me conhecer mais um pouco, que me deu e me dedicou tanto tempo de sua vida para mim, que me afastou em parte do circuito do qual tanto quero me ver longe… que me mostrou que EU POSSO e nunca mais vou duvidar de mim mesma… como já duvidei!

Espero que gostem da nova cara do blog… o outro tinha um pouco de pecado e redenção…nesse temos fadas…unicórnio…asas…pq é tempo de voar o mais longe e alto que possamos e sonhar com uma doce ilusão…Minhas fadas vão te fazer com um encanto…pode montar esse lindo unicórnio branco e se deixar irrr… ou se ainda quiser.. me deixe levar-te pra bem longe, longe daquilo que vc vê, longe daquilo que É...eu te levarei para O QUÊ VC QUER QUE VENHA A SER … sonhe junto comigo…PQ EU APRENDI A VOARRR… E VOU TE CONTAR O SEGREDO!


Obrigada Rodolfo... me devolveste as asas que eu pensava que havia perdido e bom foi saber que elas estavam sempre aqui, comigo mesma, vc só me fez enxargá-las de novo!
Da última vez que amei, só me sobrou raiva, nojo e rancor… mas como não estou aqui somente para uma passagem, eu quero evoliur…
Logo…
Eu te amarei SEMPRE … pq nunca amei tanto a mim mesma, a Deus, a minha mãe…ao meu filhinho, o Dougue(que veio da minha vontade de ter mais alguém entre nós dois para também amar...uma família?..porque não?)…a todos…a tudo… a minha vida…

E SE FOR PARA FICARMOS JUNTOS ou não… QUE ASSIM SEJA…E DO JEITO QUE FOR, SERÁ SEMPRE UMA EVOLUÇÃO, PELO MENOS PRA MIM…PQ DESSA VEZ FOI " ele" "O AMOR" QUE ME ENCONTROU!

"Se não houver frutos, Valeu a beleza das flores... Se não houver flores, Valeu a sombra das folhas... Se não houver folhas, Valeu a intenção da semente..."
"O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos."
(Eleonor Roosevelt)


Fim?

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

mais de 140mil entradas…




Nossa…mais de 140mil entradas… acho que isso é uma vitória "né"….
As vezes fico pensando… será que todos que entram aqui lêem as minhas “maluquices”?…kakaka… acho que não… uma pequena parte talvez...mais provável!
Eu fico muito feliz, afinal o blog é um sucesso!
Nossa tive um fim de ano tão conturbado, stressante… mas ao final de tudo, o saldo sempre positivo me deixa feliz..!
Estou mais uma vez em Lisboa como de costume nos finais de ano, vim pra cá no início de Dezembro… antes, ainda no Porto, fiz meus novos ensaios fotográficos com um “fera” da fotografia, o meu namorado estava presente e participou de tudo(como ele mesmo fez questão) ele deu uma nova atmosfera ao trabalho… o apoio dele foi fundamental nesse meu novo trabalho, estamos há quase um ano juntos... ufaa..não é nada fácil, ter um relacionamento estável no nosso meio!!!

Para esses meus novos ensaios eu queria inovar, então aliei a presença do meu namorado como um modelo e a experiência de um novo fotógrafo, muito competente por sinal, com quem eu resolvi trabalhar pela primeira vez, complementou o glamour que eu queria para meus novos ensaios…Foi cansativo como sempre, mais de 10 horas de trabalho numa presidencial de um Motel, mas tudo correu bem Graças a Deus!
Deus está presente em tudo na minha vida, sou católica não praticante mas tenho muita fé nessa força positiva maior em vida e na das pessoas que a buscam.
O resultado desse empenho:





Brevemente todos os ensaios no meu site e nos sites mais requisitados de trans!
O trabalho em dezembro foi calmo para as minhas expectativas…essa crise mundial afeta tudo enfim… mas sem desanimar, não por isso… fui passar o fim de ano em Paris, já que Natal sem família não é a mesma coisa... e pensar que ano passado minha família veio me ver aqui em Portugal… este ano, de bom, só tive “ele” por perto!!!
Voltar a Paris foi melhor coisa que eu fiz este fim de ano…nunca estive numa cidade tão cheia de história e com tanto glamour, o frio que variava entre -2 e 2 graus reforçava ainda mais o glamour da cidade… Paris impressiona qualquer um, e não só pelas coisas boas… a forte imigração que essa enorme cidade recebeu, desilude a quem pensa que se pode andar tranquilo pelas ruas de Paris… na noite da passagem do ano eu me senti tão insegura qto qd passei o reveillon em Copacabana.
Proximo da Torre Eiffel tem um trailer onde podemos comprar uns crepes deliciosos…fogos, luzes, e gente, muita gente, gente alegre, gente enlouquecida, gente chata, gente linda enchem as ruas de Paris de calor humano, possibilidades e um pouco de medo…

Estavamos em 5 pessoas, dois casais e uma amiga…depois da passagem de ano fomos passear pela cidade, um dos pontos sem nenhum glamour foi o Bois de Bolonha, um enorme bosque situado em Paris, maior que o Central Parque de Nova Yorque, onde costumam trabalhar dezenas de travestis e prostitutas, é impressionante a quantidade, e tudo tão juntinho ali …O que me chocou mais era a pouquíssima roupa que elas usavam naquele frio de doer os ossos…gente eu estava dentro de um carro, fechado, toda coberta com roupas de frio e ainda sentia frio, imagine elas… Fiquei meio triste depois de ver aquilo…mas enfim.
No outro dia fomos conhecer a Disneyland de Paris nooooosssaaaa…foi um sonho de criança ralizado, o frio atrapalhou um pouco, mas era tanta gente, tanta festa, as crianças boquiabertas ( adultos e EU também kkkkkk) que nem o frio diminuiu nosso entusiamo.












Este ano talvez muita coisa mude em minha vida…tenho sido alguém mais reflexivo a cada dia, mais ponderante, mais paciente…mas ao mesmo tempo tão inquieta e ansiosa em algumas situações…Uma das coisas que tenho pensado é na existência desse blog, talvez seja a hora de parar um pouco e preservar mais a minha privacidade e meus sentimentos…estou me sentindo um pouco cansada, como alguém que luta contra a maré, como alguém que finalmente quer aceitar os fatos, e os efeitos deles, sem reclamar…nem com a garganta, nem com as letras…nem com nada… muito embora com essa atitude de calar-me… de fechar-me finalmente em mim mesma e naqueles que realmente me amam e me querem o bem, possa significar o início de uma nova etapa.


Alors nous arrivons à la fin, dames et monsieur j'aimerais remercier votre visite !

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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Identificação confirmada



Identificação confirmada
Hoje eu estava em casa, almoçando de vendo televisão com meu namorado, qd do nada ele me comentou com um tom forte de nostaugia, de coisas que ele fazia no passado, como sair de moto com os amigos, jogar bola na rua e outras coisas do seu passado... aquilo por algum motivo me incomodou.
Me dei conta, mais uma vez, de como somos diferente apesar de termos tido um passado comum e mais ou menos parecido...
Eu não sinto falta do meu passado, nunca senti nem qd saí de casa aos 18 anos… era como se não houvesse nada atrás que me seduzisse… a única coisa que me fazia falta era minha mãe, as coisas que fiz antes, mesmo qd pra me divertir com a família, ou amigos, eu sentia que não me completavam, falta-me algo... faltava-me EU!
Aos 14 anos qd entrei para um grupo de teatro, parecia que um mundo novo se descortinava a minha frente, foi o meu primeiro contato com gays assumidos, orgulhosos...pela primeira vez me dei conta de que eu não estava só, e um vazio até então sempre presente começava a ser preenchido por histórias, por momentos... por pessoas que finalmente tinham algo a ver comigo...
Para mim era difícil aceitar que a vida que a minha família programou pra mim não me atraia em nada... contudo resolvi mergulhar de cabeça nas coisas que me faziam feliz, e contra as determinações dos meus pais comecei a estudar ballet... daí por diante minha vida ganhou um sentido muito forte a minha existência sempre em crise encontrava paz nos passos da dança, no esforço físico e mental por querer algo maior...
Qd saí de casa pela primeira vez aos 18anos, com bolsa de estudos em um importante centro de danças de Salvador eu não imaginava que fosse tão difícil ficar longe de casa… pois pra fazer melhor aquilo que me propus eu teria de me afastar deles, pq na minha cidade o campo era muito limitado… A minha aventura começou qd aceitei este fato…de Salvador para o Rio de Janeiro, que foi o maior choque cultural pelo qual passei na minha vida, por conta do estilo de pensar, de ser e de viver dos cariocas...



Eu me apaixonei pelo Rio, a minha primeira ida ao Teatro Municipal (eu morava na casa de um jovem bailarino do teatro que vivia com a sua mãe na Lapa) foi um momento inesquecível...Enfim a cidade me cativou pela sua intensa vida cultural, pelos seus habitantes, pela sua diversidade…
As minhas raizes pareciam não estar tão presas ao chão de onde eu vim… anos a fio vivendo no Rio marcaram a minha vida por grandes transformações.
Eu sempre tive uma forte ligação com a arte por causa da minha mãe que sempre nos inclinou a isso, embora ela tenha sido contra inicialmente à minha decisão de tê-la como carreira profissional.
Na cidade maravilhosa eu pude experimentar tudo que a liberdade de viver sozinha podia me proporcionar, um deles e tão decisvo, o mais significativo, que mais tarde iria ser a maior revelação da minha vida...a minha sexualidade!
É por isso que me senti incomodada qd meu namorado falou sobre as coisas que lhe faziam falta, pq nada daquilo me atraia … talvez no fundo que desejasse ser como ele e gostar das coisas que todo rapaz gosta, ou talvez tb tenha pensado que da mesma forma que isso me afastou da família, as suas saudades também poderiam afastar-me dele por ocasão do nosso retorno ao Brasil, ja que nada daquilo me interessava. Hoje eu me dei conta de que não sei ao certo se tudo que eu fiz me realizou...ou o quê ainda me falta(?)...
Eu não consigo sentir falta da época que vivia com a minha família, qd sinto saudade é da minha vida no Rio de Janeiro... dos amigos verdadeiros que fiz, da minha casa de Copacabana, dos tempos de faculdade, das temporadas de ballet do Teatro Municipal, os domingos na praia jogando conversa fora com amigos naquela paisagem de Ipanema, nas sessões de cinema na Lauro Alvin, dos festivais de cinema( a amostra de cinema gay)...e toda coisas pelas quais eu ansiei tanto ver qd ainda morava com a minha mãe...todo o tempo em família me sentia pressionada a ser alguém que eu jamais conseguiria ser... talvez no fundo eu até quisesse ser…mas não conseguia...a tentação em descobrir o que em mim fazia ser a “ovelha negra” foi maior.

Uma coisa sempre esteve presente em mim, uma ansiedade, uma busca, durante toda minha vida no Rio de Janeiro eu esperei por algo que só começou a vir depois de entrar para univercidade, a vida acadêmica transformou a minha existência e me ajudou amadurecer.
Eu vivia um grande crise existencial por não ter boas oportunidades dentro do campo da arte, tudo que que eu sempre sonhei já não me dava mais esperanças... passava por relacionamentos afetivos fracassados... o afastamento do meu grande amigo de adolescência(uma das maiores dores da minha vida)…o meu breve contato com uma droga sintética(ecstasy) que me tirou da uma depressão pra me jogar numa mais profunda ainda(foi o justo motivo para nunca mais querer saber disso). Nessa época eu desenvolvi Síndrome do Pânico… uma fase conturbada marcada por episódeos que naquela época não me faziam o menor sentido para mais tarde fazer TODO sentido... tive que decifrar aquele momento para enteder pa tudo aquilo estava me acontecendo...foi o mal que me fez o maior bem... eu resolvi dar a maior reviravolta da minha vida, EU DEI A VOLTA POR CIMA…Anos e anos dedicados a arte, que me pareceram ser em vão… mas não… eles me deram os melhores amigos, os momentos mais emocionantes e a cultura que adiquiri…
Na vida podemos nos identificar com muitas coisas…seguir outros caminhos, ter “planos B”... e foi justamente isso que eu descobri, eu me redescobri...eu também entendi que só fracassamos qd acreditamos nisso!
Já que meu sonho teve que ir para prateleira eu resolvi ser prática e ir em busca da minha independência financeira de uma outra forma, mas tendo como certo algo que considerava muito importante: jamais esquecer de tudo que eu fui até então, preservar minhas raízes pra não me perder nunca mais delas…contudo resolvi me me aproximar ao máximo da minha família e de tudo que aprendi junto a eles... e entender que mesmo tendo escolhido outros caminhos eu não era tão diferente deles o quão eu imaginava, pq no fundo eu era tão simples e tão comum como eles, que a minha sexualidade não me tornava diferente de ninguém... pq todos tem seus próprios sonhos e prazeres pessoais.
O fato de ser transexual e viver tal qual iria mudar demais a minha vida, mas jamais o meu coração.
O que estou tentando dizer é que para deixar desabrochar o meu coração e transformá-lo em vida, eu tive que, por algum tempo, matar meus pais dentro de mim, embora sem nunca deixar de amá-los...tive que me sentir completamente perdida, para então finalmente me encontrar. Agora, de posse de mim mesma, resgato, com toda segurança para mim, tudo aquilo de bom que me ensinaram, sem me deixar confundir entre a sua imaginação sobre quem eu sou, e as minhas próprias conclusões sobre mim...


(Foto minha, ainda rapaz, feita na universidade)
Façamos da interrupção um caminho novo. Da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sonho uma ponte, da procura um encontro!
Na verdade qd meu namorado falou-me sobre suas saudades eu tive inveja de não ter nada para me lembrar que me causasse essa saudade…pq naquele tempo eu nunca havia vivido nada daquilo que EU queria, pq o mundo reservou para mim um destino contrário aos meus anseios, e qd eu queria experimentar tudo o que uma menina ou uma moça quer viver, eu não podia, não me cabia, não era adequado pq eu deveria viver um universo masculino que nada me dizia nem tão pouco me empolgava!
Junto aos gays eu encontrei melhor identificação, embora não fosse homossexual, e sim transexual, meus amigos gays souberam melhor me compreender e me aceitar justamente numa época em que eu não precisava de críticas ou pressões... gays e transexuais estão unidos pela natureza de sua sexualidade...precisamos nos descobrir sozinhos, pq nascemos num ambiente heterossexual e para o bem da nossa auto-estima temos de buscar meios para nos encontramos sem nos perdemos de nós mesmos, nem de nossas raízes familiares, é um desafio não nos deixar olhar com os olhos de um mundo preconceituoso e repressor às diferenças.
Eu precisei ter muita confiança em mim mesma e muita coragem para vencer meus próprios preconceitos, para hoje poder ter orgulho daquilo que sou.
Na minha estrada encontrei tantos obstáculos que hoje me encontro quase sempre na defensiva, e como atualmente estou me relacionando com um homem que definitivamente é heterossexual, muito embora que de mente aberta digamos assim, por vezes interpreto seus ditos e atitudes com algum preconceito, e logo eu que lutei tanto contra eles…
O que me pôs em alerta ao saber de suas saudades foi o fato de não entender como alguém que abdicou de sua vida anterior para viver algo diferente por dizer que se sente bem assim, sentir falta justamente daquilo que deixou pra trás por opção própria… perdi a identificação com ele nesse momento, pq fiz o mesmo para buscar a vida que me realizaria, e sendo assim, eu sentiria saudade de quê?...Pq ele sentiria saudades desse passado?...O presente não o estaria fazendo feliz?..O meu medo é de dividir minha vida com alguém que não sabe o que quer, ou que na realidade esteja fingindo ser alguém que não existe...em virtude de alguma ambição obscura!



Por isso eu denominei etse tópico de:
Identificação Confirmada
EU SOU Alessandra Mendonçaparaibana, artista, educadora de artes, academicamente formada, transexual, filha da mãe mais maravilhosa do mundo, vinda de uma família fantástica, que hoje mais do que nunca, luta por seus ideais de vida, uma pessoa transparente e que prima pela verdade…
E VC... QUEM É?


Beijões grandes a todos que me lêem e até a próxima!!
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terça-feira, 2 de setembro de 2008

Quem realmente somos...

Quem realmente somos...


Durante muito tempo na obscuridade as travestis e transexuais, figuras tidas como personagens do submundo, adquiriram uma imagem negativa, marginal que generalizava toda a classe. Eu mesma durante a minha infância não sentia nenhuma identificação com a figura de um travesti… qd ainda morava em João pessoa e passava de carro com meus pais pelas avenidas onde víamos várias delas trabalhando na prostituição eu jamais imaginaria que um dia viria a me tornar alguém daquele mundo… penso ainda que não me tornei, embora tenha vivido dentro dele durante estes últimos anos, não me identifico com ele nem um pouco. Naquela época qd via as travestis na rua, as enxergava somente como mulheres prostitutas, qd me diziam que eram homens eu não entendia como poderiam ser… na minha inocência o que eu via era mulheres que ganhavam a vida a noite nas ruas… jamais poderia me identificar com aquele tipo de mulher, o mundo feminino que já habitava dentro de mim, e eu tinha consciência dele, se referia as mulheres com as quais eu convivia, mãe, irmãs, amigas de escola…
A primeira travesti que me causou algo parecido como “ eu poderia ser como ela”… foi já morando no Rio de Janeiro qd estuvava ballet. Um dia qd eu estava num quiosque em Copacabana frequentado pelo público GLS, vi um casal chegando para lanchar, era uma moça linda e um rapaz jovem, eu sabia que se tratava de uma transexual com seu namorado… ela era linda, tinha uma atitude distinta, estava vestida como uma moça comum e não como uma “prostituta” como as que eu estava habituada a ver… fiquei impressionada e pensei “ eu tb posso ser este tipo de mulher”…
Achei uma reportagem em 3 partes no youtube que agora coloco aqui pra vcs… nesse vídeo as transexuais falam sobre suas vidas, suas escolhas, como as tomaram e transportam um pouquinho do mundo de uma transexual, mulher transexual, aquilo que eu sou, que somos, eu.. elas e tantas outras que pagam o preço da imagem mítica que foi construída ao longo destes anos todos de “vida a margem”, uma imagem que jamais poderia ter sido estendida a toda uma classe … uma grande injustiça.
Apenas um a parte: por isso revenrencio o surgimento da Roberta Close nos anos 80... alguém que conseguiu pela primeira vez ligar a imagem da transexual a idéia de beleza, de mulher…
Trago aqui um trexo da tese de Jorge Leite Júnior para PUC-SP:

Não por acaso … “No Brasil, desde os anos 80 existem revistas de bolso com fotos importadas de
travestis fazendo sexo, como Transex (Ônix) ou Trans Men’s (Kirótica). Em 1994, a
revista de mulheres nuas BigMan Internacional (Ed. Ondas, São Paulo), voltada para o público heterossexual de classe média baixa, lança uma edição especial chamada
Travestis. Algumas das mais belas apareciam em um produto de qualidade gráfica, com formato grande e fotos sensuais sem imagens de sexo explícito, apenas nudez. Pela primeira vez, travestis brasileiras eram apresentadas com o mesmo status de modelos mulheres. O sucesso foi tão grande que gerou além da continuidade da revista, uma série de fitas de vídeo. Em 2005, esta revista deixou de ser produzida no número 48, segundo a editora, por razões de mercado. Neste mesmo período, o mercado de filmes e revistas com travestis já está consolidado, com vários títulos novos – principalmente nacionais - disponíveis todos os meses nas bancas de revistas do país. Atualmente, existe uma grande produção de vídeos pornôs nacionais apresentando somente travestis, sendo que muitos são voltados exclusivamente para o mercado externo, embora seu consumo em nosso país cresça a passos largos.
Apesar disso, as travestis ainda são entendidas como corpos intrusos na ordem social.
A produção pornô, ao abrir novas áreas de trabalho facilitando a “tolerância” para com
elas através da beleza de sua aparência, também reforça o preconceito ao associá-las ao universo da representação obscena. Se o status de estrela pornô enfraquece a relação imaginária com a criminalidade de rua, reforça a estigmatização pelo viés da associação com a pornografia. Ao encarnarem para o imaginário social as estigmatizadas associações entre perversidade sexual, delinqüência, espetacularização dos prazeres eróticos e pornografia num único corpo conscientemente forjado, esta “intolerável ambigüidade” paga o terrível preço de conviver com o fascínio carregado de ódio, a desqualificação de seus desejos e a inferiorização de seus gozos.”

Os vídeos…espero que gostem!!




"Nosso primeiro e último amor... é o amor próprio!"
Bjuxxx... deixem seus comentários!

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Coisas para contar...

Coisas para contar...
 

Finalmente chego ao término de uma etapa, foram 6 meses de maravilhosos, muito bem vividos… a casa da praça de Londres mais um vez foi testemunha e cúmplice das minhas experiências.
Neste período eu descobri mais coisas sobre mim, sobre meus sentimentos e tive oportunidade de testar a minha paciência, a minha generosidade e a minha força… A minha vontade de viver novas histórias não podia mais esperar…e quem procura.. ACHA!
Pensava que tinha vindo pra Lisboa para trabalhar, fatutar…mas logo descobri que isso era o pano de fundo somente, o alicerce, a desculpa o motivo que eu encontrei… no fundo eu me sentia desvitalizada, triste, sozinha e só procurava uma coisa realmente …companhia!
Existem pessoas que alimentam o espírito das mais diversas coisas e sentimentos… dinheiro, poder, raiva, ódio, vícios… e só se sentem felizes qd podem usufruir de tais coisas!
Qd chegava os fins de semana na capital lusitana… era só relaxar do stress do trabalho na semana… muitas vezes prazeroso…outras já nem tanto!
Numa certa noite de sábado “relaxando” como de costume….finalmente fui seduzida por alguém, justamente pq me deu a impressão de não estar buscando nada, nem ninguém…principalmente MULHERES!



 

 Outro fato que descobri sobre mim é que intransigente aos homens que gostam muito de travestis, qd para me relacionar compromissadamente, eu tb me percebi aversa a homens que gostam mais de mulheres que de travestis… passei a desejar e cobiçar os que se aproximam mais de um tipo de “meio termo” …explico:
Com os homens que gostam muito de travestis terei sempre as esquinas cheias como rivais, algo que me causa uma impressão muito negativa… sem falar das ofertas infinitas para os internaltas de carteirinha…nas grandes cidades onde vivo haveria sempre uma ameaça a saúde do relacionamento, pelo menos sendo nos moldes que almejo…a minha idéia de relacinamentos nasceu pelo exemplos de onde eu vim, meus pais, meus tios e irmãos e suas esposas e namoradas…relações de respeito com algo bem saudável no ar…aquela sensação frescor, de ingenuidade… de amor! Com os homens que gostam muuuito de mulher, é um problema grave, pq mesmo eu não sendo como elas 100% fisicamente, eu quero me sentir como se fosse, e pra muito além disso, o que mora na idéia do que o corpo e a presença das mulheres, suscita nos homens…A VONTADE DE SER HOMEM, DE SE SENTIR HOMEM...descobri que o homem só funciona melhorzinho qd está ao lado de alguém que o faz sentir-se assim…HOMEM... são cavalheiros, protetores, dão o melhor de si, dão a sua força, a sua virilidade, a sua meiguice e o seu carinho…e o mais importante, dão o devido respeito(muito embora muitos casos contradigam isso)...
Conclusão: se não se sentem confortavemmente os homens que sempre foram, ao meu lado...como podem me fazer sentir-se como "A mulher"? Justamente o desejo que permeia toda a vida de uma transexual, aquilo que é simplesmente a fonte de sua felicidade, e a ausência dela!
Mas voltando a quem me seduziu, por justamente demonstra-se imune aos encantos de mulheres e travestis presentes, numa destas noite no Kremilin, fui seduzida pelo meu próprio desejo acreditar que esbarrei em um homem como os da minha família… alguém como eu, se julgando especial e inaxecível a qualquer um!
Outro momento foi um grande amigo que fiz, fã dos meus escritos, fotos, site, blogs… apenas como amigos tivemos momentos muuuito agradáveis juntos…


ÉPOCA DO ROCK IN RIO – LISBOA

 

O fã dos meus escritos me presenteia com um um jantar feito por ele, na casa dele, aliás diga-se passagem, lindaaa… dias depois, no meu aniversário um delicioso bolo de chocolate da loja Amor aos Pedaços ( nem posso passar em frente a essa doceria) …no outro dia me trouxe entradas para o Rock in Rio – Lisboa! A nossa amizade se firmava a cada dia!
Melissa Brazil retornando ao sua casa, eu que estava tomando conta de seu cantinho aqui tive que “vazar”, como dizem.
O outro lugar que arranjei ficava próximo, na casa de uma amiga… não sei pq mas algo não me permitia voltar a minha casa no Porto, talvez o medo da solidão, da mesmice, da rotina…estava preferindo a incerteza de Lisboa, a expectativa de uma surpresa, do inesperado…sem falar que tinha com quem conversar todos os dias…
Qd mudei pra casa da Yana, com a ajuda do meu amiguinho…foi hilário, ele tem um carro esport de dois lugares…e eu que cheguei a Lisboa com uma mala, já estava com 4, e das grandes…rsrs…
Nossa nem falo, odeio mudar de casa…parece que estou recomeçando, me sinto deslocada, desalojada, estranho tudo… que noite orrível…no outro dia, já era o segundo dia do Rock in Rio…conheci na casa da minha amiga um garoto de programa que chegava e já se arrumava pra ir ao festival de música… almoçamos, conversamos e ele me convidou pra ir ao Rock in Rio - Lisboa com ele e os amigos dele… me arumei e fomos pra casa do amigo dele pegar nossas entradas… Em frente ao Elefante Branco, casa frequentada por prostitutas de luxo e seus clientes, um maravilhoso apartamento era onde o seu amigo morava…mal saí do elevador dei de cara com um o tal rapazinho que sempre me olhava simpaticamente na noite… não sei bem pq mas eu adorei essa surpresinha…rsrs…embora tenhamos os dois ficado meio abalados com a presença do outro…ele nem conseguiu me cumprimentar direito…
A noite foi Show de bola… a Alanis Morissette arrasou… depois a tenda eletrônica “tava” um luxooo…dessa noite só tive um beijo como presságio do que estaria por vir…


 
 Tivemos torcida contra..mas mesmo assim ele procurou um jeito de me achar… meu telefone nos sites de acompanhantes... ao fim estes sites não só me serviram para trabalhar …mas para..quem sabe… ter reencontrado alguém que aos poucos se tornou a minha melhor companhia, o meu melhor momento, o meu melhor abraço… aquilo pelo qual vim para em Lisboa buscar!
As minhas noites se tornaram mais quentes pelo calor do verão, e ferveram por causa do amor que ele me deu… começamos nos vendo normalmente como um casal de namorados...mas logo já estávamos a dormir e acordar juntos todos os dias… embora desejasse muito isso, nunca o pedi explicitamene que ficasse… mas receio que não tenha sabido disfarçar a minha vontade de ter alguém que pudesse me fazer mais feliz…
As mulheres e mulheres transexuais são alvo fácil para o amor, acho que mais ainda as transexuais estas tem um sonho de Cinderela…mas tb são presas suculentas para predadores da auto estima…falso amores em nome do poder do dinheiro e do sonho de conforto de uma vida melhor…





PORTO...ESTOU DE VOLTA!!!

 
Não sei bem como aconteceu…mas de posse do “meu amor” retornei para a minha casa no Porto.
No começo qd o vi pela primeira vez, eu pensei que fosse feito pra mim, um homem hetero normal, mas que não gostasse tanto assim de mulheres que nasceram com vagina… mas sim um homem que preferia a forma feminina não importando o seu sexo, mas com uma tendência a vida “gay” e que se sentisse melhor se relacionando com transexuais… digo se relacionando e não só tranzando!
Qto mais conversávamos e mais ele me revelava sobre seu mundo mais me fazia acreditar nessa idáia… e eu o desejei tê-lo como companheiro…uma vida em comum pra mim já não é nenhuma novidade… além de tudo era alguém determinado, esforçado, prestativo, desapegado a dinheiro(assim me pareceu) mas com enorme vontade de crescer na vida! O que eu não sabia que ele poderia ligar-me a isso, condicionando o amor dele por mim e a vontade de estar comigo à segurança de ter alguém equilibrado e forte ao seu lado, para justamente apoiá-lo. No meu pensar, o amor real é independe de qualquer idéia que se possa ter dele… o amor simplesmente se instala pelo desejo de amar alguém e de se sentir bem ao lado de uma pessoa que nos possa tb dar amor… amor por amor… e não amor por companhia, insegurança, carência, desilusões… pq foi isso que me foi revelado com o tempo…
Seus relacionamentos anteriores foram sempre com mulher e não tardou eu descobrir que a sua atitude e seu sentimento com elas era outro, completamente diferente de quando comigo… Foi a minha primeira desilusão… a primeira coisa que me desiludiu do meu sonho de sentir-se amada tal qual uma mulher qd é amada pelo seu homem. Me odiei por ter cometido um erro de discernimento e ter achado que ele quisesse ser realmente especial pra mim, qd na realidade ele sabia ser bem melhor…com elas…as “mulheres”!
Mas o que são mulheres afinal? …Seres que tem o órgão genital feminino apenas?
Já não me sentia a mulher que eu queria ser… ao lado dele na verdade tinha um espelho distorcendo a imagem que tenho de mim mesma dentro de mim… o meu sonho de Cinderela foi por terra…
 
 
Mais uma ironia estranha é que eu tinha já um ALGUÉM, e eu estava a dispensar no sentindo de poder vir acontecer um possível relacionamento pq este homem tinha um histórico T …ele sabia que eu era “a mulher”…pelo menos me via como “a tal”… alguém que sabia como deveria me tratar… mas não teve como, eu o deixei no hall dos bons amigos…
A convivência com meu novo namorado e a minha visão daquilo que eu estava vivendo se tornava mais clara, assim como a verdade da pessoa com quem eu estava, e apesar do amor dele por mim ser verdadeiro, ele não conseguia me dar o que eu precisava… simplesmente pq não era um relacionamento como o qual ele estava acostumado a ter e a ver!
Eu não consegui fugir da minha realidade, de travesti, prostituta… amada qd não por clientes (que pagam a todas)… por garotos de programa…que pensam que sabem amar uma transexual por pura conveniência…
Amores tortos, falsos amores, amores doentes, ridículos, nojentos…emporcalhados pelo carma do peso que a palavra TRAVESTI significa!
Não estou a reclamar da vida nem do meus amores, agradeço a Deus as oportunidades que tive, das cabeçadas que dei… pq foram elas que me proporcionaram viver, sonhar, e desejar sempre algo ainda melhor…
Estamos vivendo juntos e dividindo a mesma cama e a comida… só não sei ainda se nossas necessidades realmente se completam!
Mas a vida só é rica qd temos a consciência que ela não é eterna, mas sim frágil e que seu fim pode estar no próximo minuto…só assim o momento presente terá o seu devido valor!
Não estou conseguindo perdoá-lo por não ser quem eu pensei… mas estou pedindo a Deus para que eu esteja enganada, ou que ele se torne “o homem”... ou quem sabe se redescubra.
De volta ao Porto, com mais uma vitória, com mais uma chance, pq consegui mais uma vez, ao fim de 6 meses estou de posse daquilo que eu fui em busca!

Seja bem vindo ao meu novo dia… e mais uma vez bem vindo ao meu coração!

“Preciso viver os sonhos e a certeza de que tudo vai mudar. É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os desejos não precisam de razão, nem os sentimentos, de motivos. O importante é viver cada momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem sabe ver.."
Bjux a todos!!
Alessandra Mendonça :-)

quarta-feira, 30 de abril de 2008

De coração aberto...



De coração aberto...



Fui procurada pelos admistradores do Tgatasvip.net para dar uma entrevista, como são os mesmos donos do site viptransex.net, onde anuncio, eu decidi colaborar para tornar o forum mais diversificado.
Vejam parte da entredvista que continua no meu site!!!


Top.F: Você é uma Transexual Brasileira, de que Cidade do Brasil?
R:Sou natural de João Pessoa, região Nordeste do Brasil, embora que morando no Rio de Janeiro!

...

Indo um pouco até ao seu passado...Quando você se descobriu uma “menina” de fato?
R:Na realidade eu nunca entendi direito pq diziam que eu era um menino…rssss… nunca me identifiquei com isso…

Muitas transexuais são frustradas por relacionamentos que acabam mal, como vai esse coraçãozinho hoje em dia?
R:Não acho que estar frustrada por relacionamentos de finais infelizes seja uma característica das transex somente…todas as pessoas tem amores frustrados…
...

Você prefere ser ativa ou passiva ou gosta dos dois quando vai para cama com alguém sem ser por razões profissionais?
R: Adoro ser ativa….mas...

Você tem algum fetiche especifico que possa nos contar?
R:Visitem meu site : http://www.alessandratoptransex.com/ lá conto tudo….

O seu blog já é sucesso, alcançando uma boa média de visitas por dia. Como você explica este fenômeno?
R:Eu sabia o que queria, qd fiz o blog… tenho uma história dentro do mundo do sexo… e muita coisa pra contar da minha vida que não se refere a ele( o sexo) …quem me conheceu pelo sexo agora vai poder saber com quem esteve pra muito além de uma gozada somente!

Já apareceu alguém na sua vida que lhe fizesse pensar em parar com os programa$?
R:Já… qd percebi que amava um homem, que sofria por causa da forma como eu ganho a vida….Foi meu relacionamento mais significativo e duradouro...estou há quatro anos em Portugal e durou quase todo esse tempo.


Você como profissional do sexo já foi clientes... tipo: já fez programa com outra transexy, homem ou mulher para satisfação sexual própria?
R:Com transex e mulher jamais aconteceria pq nao é a minha praia. Nunca paguei…mas...


Continua no meu site:Clique aqui no banner apos ler este post!



Mesmo com o coraçãozinho abalado tenho arrajado tempo para fazer as coisas que gosto, como trabalhar, sair pra dançar, estar com amigas pra conversar , rir, falar besteira...
Amanhã vou ao teatro com um amigo que me chamou pra ver uma peça do Brasil em tournnè pela Europa, com atores brasileiros famosos...vai ser divertido... um jantarzinho......hum...!
Fiz ótimas amizades em Lisboa, e tenho tido bons momentos ao lado destes novos amigos... tranquei sentimentos passados, deletei ele da minha vida...e nao me canso de sentir o seu olhar ... a insegurança ao me ver feliz e radiante (com algum esforço) ...ainda não lhe negar um "oi" e logo em seguida um "tchau"...
Pq quem não me valorisou no momento certo não será depois que o fará!!!

Bjux a todos eu volto com novidades!!..

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